quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Aula da saudade


Boa Noite!

"Estou tão alienado. Ai de mim!, que tendo-te ainda presente, eu sinto saudade de você."
Essa é a tradução de um trecho de um poema do colombiano Eduardo Carranza, que há dias não sai da minha mente, ultimamente vem passando um pequeno filme em minha cabeça, quer dizer não tão pequeno, um filme dos últimos 5 anos...
Me vêio na mente nosso primeiro dia aqui na unicap, era uma aula que posteriormente chamariamos de aula de “rodinha”, daquelas que tinhamos que dar o que Nilton chamava de feedback, essa primeira aula, foi ministrada pela professora Mauricéa Tabosa hoje nossa querida Mauri. Revelamos nesse primeiro contato nossa diversidade, tinhamos a cara do Brasil, diferenças raciais, socioeconômicas, etárias e regionais tinha gente do Recife, de Jaboatão, do Cabo de Santo Agostinho, (a cidade das 9 praias) e até uma mineira. Nessa aula ouvimos pela primeira vez a voz suave de Aline Patriota, disse que escolheu a Terapia Ocupacional porque era timida, coisa que por vários periodos era evidenciada pelo seu silêncio, só não entrava muda e saia planta pelo momento que se ouvia seu nome na chamada e ela respondia baixinho: Oiiiiiiiii. Hoje ela é mais conhecida como M.A de todo mundo, ou minha Nine. Conhecemos também nessa aula as cabolosas, caboetas, enfim as meninas da cidade das 9 praias, uma moça de óculos com jeito de gente inteligente, séria( descobrimos depois q os oculos não tinham grau, era só pra dar ar de inteligente traços do TOC – que posteriormente ela tratou), Ana Quedma, dá pra acreditar que ela usava oculos pra parecer inteligente?? Ela nosso exemplo de eficiência, credibilidade, organização, enfim nossa Keké ou melhor Drª Xôxa Bispo, por que no Cabo não precisa fazer doutorado pra ser doutora neh? Sua conterrânea tinha um nome que dava trabalho pra entender.. É leilane, Eleilayne, se erravam virava piada, então ela com seu jeito manhoso fazia bico, e depois da tromba formada, pra desmanchar era problema, Heleilane se transformou em na rainha do enquete com direito a coroação e tudo, pra sanar a situação se tornou apenas Lelê. A rima faz lembrar logo de Dedê, a Andresa Ângelo, assim que olhei pra ela e pensei, ela tem jeito, tem voz, tem cara de boazinha, acertei em cheio, bobinha não, ela é do bem, tem sempre uma palavra boa, um olhar amigo e um sorriso aberto, foi a corajosa que largou o 7º periodo de ciência da computação, quando se apaixonou pela Terapia Ocupacional. Outra desmedidamente apaixonada pela Terapia Ocupacional era Gabriela Braga, a Gaby que disse naquele dia com voz ainda de criança resignada, que sempre quis ser TO, seu jeito firme surpreendia em relação ao tamanho (da ovelhinha de pernas curtas) não deu pra duvidar que era alguem que sabia o que queria, assim também era Janaina Rocha a Jana, que deve ter assustado seus pais quando sentenciou: - Ou faço TO ou não farei nenhum outro curso, (facinho imaginar ela levantado o queixo e falando com seu jeito espevitado). Com essa mesma determinação falava Maria Claudia, ou melhor Maria que aos 17 anos era a imagem da empolgação. Hoje pra nós é referencial de superação, a mãe de Bernardo, guerreira, Terapeuta Ocupacional e amiga, que o diga a sua fiel companheira Carla Helena(e agora também nossa, pretinha), com sua irreverencia e risada contagiante, formaram uma dupla inseparável nesses 5 anos. Não há lembrança de uma sem a outra por perto. Falando em dupla fiel outras que foram como a corda e a caçamba foram Erika Pontes, A. Pontes e Garden, ou Gardênia Magnólia tipico caso de opostos que se atraem, e distraem também, e esse era o ponto em comum entre as duas, a distração, quantas vezes não tivemos que praticamente desenhar uma situação pra elas entenderem...E no fim da explicação Garden discordava de tudo...Uma das situações ela ia anotar o email de Mauricéa e perguntou como se escrevia o anderlaine pode??? Já Erika ficou conhecida como a esquecida, tanto que esqueceu de vir no primeiro dia de aula ( e escapou da primeira rodinha). Ah Erika, Lelê pediu pra te lembrar que embora os atendimentos tenha acabado, ela era a dupla de Garden, sua dupla era Dedê) Outra distraida é Fabiana, lembro bem que no primeiro dia ela não esqueceu de pentear o cabelo não. Ao contrário do resto do curso, mas já dava sinais de sua obsseção por tirar xerox. Gerando a pergunta q não quis calar: Faby vai guardar tanta xerox onde???? Falando em guardar, retirei da minha gaveta das memórias, um dialógo interessante, que aconteceu naquela manhã, Entre Mauri e uma mocinha de jeito frágil chamada Vanessa Golçalves, ela falava que chegou até a Terapia Ocupacional por causa de uma “Tal” Nise da Silveira. Vanvan pequenina, jeito timido ,franzino, uma vozinha quase sussurrada, calminha... parecia uma canção de ninar. Mas a letra dessa canção não era pra criança, ela falava de nomes como Vigotsky, Sartre , nietche e não poderia esquecer de Jackeline Duprat e Maria Helóisa da Rocha Medeiros, E por ai seguia... Docinho cheia de inquietações filosoficas, mente ruidosa, alma densa, e quirodáctilos musculosos. Sinceramente achei que seria tarefa facil falar sobre estas pessoas tão queridas, tão amadas, já que conheço a maior parte delas tão bem, mas a sensação é de impossibilidade. Como reduzi-las a palavras?? Como resumir tudo que vivemos nesses 5 anos?? Como descrever por exemplo alguém como Mariana Cavalcanti?? Sem filtro? Sem noção? furacão, um Javali de delicadeza...ou ainda poderia dizer carinhosa, impetuosa, maternal, protetora, carente, espontânea, forte, decidida, apressada e ainda seria pouco, então resumo como a minha sobrinha adotada mui amada Mari doida. Aqui vi em cada um o que me permitiram ver, e algumas vezes apenas o que quis ver... Aqui fui a Tia de Mari, mãe de Gaby, M.A de Nine, irmã e amiga de DD, Lelê, Vanvan, Keké, Garden, Erika, Faby, fui ,dupla de várias, dentre elas Naty nossa agregada querida, que parece que sempre fez parte da turma, pude conhecer Jana, Carla, Maria,Rosi (menos), o que foi uma pena, porque a saudade que sentirei, não será menor. Vi nessa trajetória o quanto crescemos, amadurecemos, e como Mari fala rejuvenesci na juventude delas... houve tempos em que foi doloroso estar aqui,pra algumas de nós, talvez todas, por um momento pensou em desistir, dias em que o clima era tão tenso que nem dava vontade de levantar da cama, até que, aprendemos a nos respeitar, a nos aceitar e por fim a nos querer bem, com nossas diferenças. Já que eramos o proprio leque de possibilidades, podemos perceber que faziamos colocações perfeitas e imperfeitas também, por q não, mas que tudo isso era uma cachaça. Hoje somos sine qua non umas pras outras. E sabe de uma coisa? Acho que é muito apropriado dizer que sentiremos saudades de cada detalhe do que construímos nesse período, das amizades, das brincadeiras, de dividir lanche, da rotina, de encontrar Gilson sempre apressado pelos corredores comendo pipoca. Saudade das aulas de Ana Luiza, onde se aprende e se diverte com seu jeito coisado de falar. Saudade de ouvir Maury dizendo “como essa moça cresceu” soando como uma caricia em nossos momentos de fragilidade. Saudade de Márcia com seu jeito reservado, mas com a resposta certa pra nossas indagações. De Keise já sentimos saudades precocemente, e Yani que já faz parte de tudo, estará em nossas lembranças e em nosso sentimento gratidão. Sentiremos saudade de cada pedacinho dessa história, dos pedacinhos de tempo, que vivemos com cada pessoa. Sairemos daqui na com a certeza de que saudade é ser, depois de ter.